São Bartolomeu
O extremo da Praça do Comércio onde se encontra implantada a igreja de São Bartolomeu constitui um dos locais religiosos mais antigos da cidade de Coimbra. Com efeito, e embora se desconheça a data de primitiva edificação desta igreja, há notícia que em 957 tenha sido doada ao Mosteiro de Lorvão (BORGES, 1987, p. 88).
No período românico terá sido alvo de uma remodelação, que Nelson Correia Borges atribui ao eventual estado de ruína causado pela invasão de Almançor, em 987. A existência de um capitel fragmentado, encontrado na igreja e atualmente no Museu Machado de Castro, faz remontar esta reedificação ao século XII. De facto, em 1109 sabe-se que foi efetuada nova doação ao Mosteiro de Lorvão. Por sua vez, as escavações levadas a cabo entre 1979 e 1980 permitiram conhecer, sob o atual pavimento, uma série de vestígios arqueológicos que corroboram determinados dados e trazem alguma luz sobre as várias campanhas de obras ocorridas em São Bartolomeu, a última das quais no século XVIII.
Nesta época, a igreja ameaçava nova ruína, pelo que foi demolida e reconstruída segundo tipologia barroca, de grande austeridade. Assim, a primeira pedra daquela que é a atual edificação, foi lançada no dia 16 de Julho de 1756, resultando num conjunto bastante homogéneo que se caracteriza por uma simplicidade acentuada ao nível da planta, que articula nave e capela-mor retangulares, corroborada por decoração interior igualmente sóbria. No exterior, duas torres sineiras, inscritas na nave, enquadram a fachada, que apresenta ao centro um portal de colunas salientes, e é rematada por arco abatido onde assenta uma janela com balaustrada. Trabalharam nesta obra importantes artista da época, entre os quais se salienta o arquiteto Manuel Alves Mocamboa. No que concerne ao interior, destaque para a obra de talha e em especial para o retábulo-mor, "ao estilo coimbrão do rococó" na linha do de Santa Cruz (BORGES, 1987, p. 88), e cujo painel representando o Martírio de São Bartolomeu foi executado por Pascoal Parente.
(Rosário Carvalho)
Fonte: www.dgpc.gov.pt