Santa Justa
Fundado cerca de 1100, no Terreiro da Erva, o primitivo templo de Santa Justa foi doado à Ordem de Cluny por D. Maurício, bispo de Coimbra (também ele oriundo de Cluny), para que servisse de recolhimento e hospício aos monges franceses que chegassem à cidade. Após a expulsão dos monges cluniacenses, o mosteiro passou a colegiada e sede de paróquia, sendo doado aos Cónegos Regrantes em 1152 pela Coroa (GERVÁSIO, PEREIRA e SANTOS, 2009, p. 308).
Embora o complexo medieval tenha sofrido transformações e obras ao longo das centúrias seguintes, continuava a debater-se com o problema das cheias regulares do Mondego. Em 1708 as águas inundaram a igreja, provocando graves danos estruturais, o que obrigou ao abandono da colegiada. Desta forma, em 1710 (a) iniciou-se a edificação de um novo templo dedicado também a Santa Justa, situado na Rua da Sofia.
Sagrada em 1724 (b), esta nova igreja de tipologia barroca integra elementos do templo primitivo, nomeadamente a imponente fachada maneirista, de estrutura retabular, rasgada por um conjunto de janelões e ladeada por duas grandes torres sineiras. O conjunto integra esculturas em pedra de São Francisco, Santa Rufina, Santa Justa e um Santo Bispo (Idem, ibidem, p. 317).

A planta, longitudinal, é composta por nave, capela-mor, sacristia e anexos. O espaço único da nave, dividido em tramos por pilastras, é precedido pelo coro-alto. No interior destacam-se os retábulos laterais de gosto rococó e joanino, policromos e de talha dourada, e o exuberante retábulo-mor, em talha joanina, que alberga as imagens do Padre Eterno e das santas Justa e Rufina.
Em 1854 a paróquia de Santa Justa foi extinta e anexada à de Santa Cruz, e 12 anos depois perdeu o estatuto de colegiada.
Na primeira metade do século XX, devido a infiltrações, era evidente o mau estado de conservação do templo, pelo que foram efetuadas pela DGEMN obras de reparação da estrutura.
Em 1943 o espaço foi entregue pelo Bispo de Coimbra aos Frades Capuchinhos para que aí exercessem culto, e três anos mais tarde iniciou-se a construção da residência destes religiosos, anexa à igreja.
Em 2008, a Ordem dos Frades Capuchinhos encerrou a casa de Coimbra, deixando em definitivo o espaço, mas mantendo-se a vida cristã ligada à espiritualidade franciscana.
Em 2019, as irmãs da Fraternidade Franciscana o Caminho, convidadas pelo bispo de Coimbra, passaram a habitar a casa, abrindo ali uma comunidade.
Catarina Oliveira (DIDA/ IGESPAR,I.P./ Setembro de 2010)
Fonte: www.dgpc.gov.pt
(a) Dia de lançamento da primeira pedra: 24 de Agosto de 1710
(b) Dia da sacralização do templo: 28 de fevereiro de 1724